Desde o final de junho, os canaviais da região atendida pela Assocana vêm enfrentando sérios desafios climáticos e fitossanitários. Em conversa com os técnicos da entidade, Sérgio Zimmerman e Francisco Mendes, a avaliação é de que os impactos sobre a próxima safra de cana são inevitáveis.
Primeiro, as lavouras foram atingidas por geadas. Logo depois, a ausência de chuvas se intensificou: já são mais de 60 dias sem precipitações significativas. A última registrada ocorreu em 22 de setembro, com apenas 6 milímetros, volume insuficiente para reverter o quadro.
“Os produtores estão bastante angustiados, porque as previsões indicam chuva generosa apenas a partir da segunda quinzena de outubro”, destacou Zimmerman.
Além do estresse hídrico e do frio, outra preocupação é o avanço das pragas de solo de difícil controle, como broca peluda e sphenophorus. Segundo Mendes, o retorno das chuvas, embora esperado, também traz riscos: “Com cerca de 30 mm de precipitação, a lavoura já fica suscetível ao ataque da cigarrinha. É uma situação complicada e que exige muita atenção do produtor.”
Outro ponto crítico são os incêndios registrados na segunda quinzena de setembro, principalmente em áreas dos municípios de Maracaí, Tarumã, Cruzália e Pedrinhas Paulista. Segundo os técnicos, após uma boa chuva — pelo menos 30 mm — será necessário retomar os tratos culturais, com aplicação de herbicida, adubação nitrogenada, micronutrientes, aminoácido e extrato de algas, para ajudar a planta a sair do estresse hídrico.
Zimmerman e Mendes ainda recomendam que, aproveitando essa intervenção, seja feito também o controle da broca da cana, reduzindo os riscos de perdas adicionais. Eles reforçam que a combinação entre condições climáticas adversas e pressão de pragas representa um cenário desafiador para a atual safra, exigindo estratégias de manejo integradas e acompanhamento constante.
